Quando perdi meus sonhos
Era um dia qualquer do mês de agosto de 2019, quando fui fazer um simples raio x do meu pulmão a pedido da minha pneumologista, porque no dia 06 de setembro do mesmo ano eu iria viajar para visitar minha filha Sara que mora na Itália. Até então estava tudo bem comigo, esse raio x era apenas para minha médica ver o meu pulmão porque sou asmática e me medicar para eu não ter crises lá na Europa, já que muda de clima. Então quando recebi o resultado do exame abri e o li, então vi então vi um diagnóstico de atelectasia e por curiosidade pesquisei no google e me surpreendi ao ver que meu pulmão esquerdo estava sem funcionar, paralisado... No momento não tive medo e esperei meu esposo chegar do trabalho para lhe mostrar. E quando ele chegou mandou o resultado para uma colega que é médica e a mesma lhe disse para me levar logo ao hospital porque era caso de urgência. Então fomos para o hospital e o médico que me atendeu solicitou de urgência uma tomografia computadorizada e o resultado levou o médico a me internar logo naquele momento, pois o exame mostrou tumor no pulmão e lesões na coluna e nas costelas.
Com esse diagnóstico passei seis dias internada esperando uma broncoscopia e sendo medicada com várias drogas e ainda fazendo fisioterapia três vezes ao dia. Com tudo isso eu não sentia nada e estava muito bem. Então fiz a broncoscopia e foi encaminhada para biopsia que só sairia o resultado com quinze dias. Depois desse exame recebi alta e nesse intervalo vivi normalmente e até viajei para assistir uma festinha da escola do meu neto, desse dia tenho inúmeras fotos, nas quais estou feliz e muito bem. Mas o pior eu não esperava... Quando recebi o resultado da biopsia, que li, meu mundo ruiu, pois eu estava com câncer no pulmão. Então não chorei, não tremi, não questionei Deus, apenas senti todo o meu mundo desmoronar em fração de segundos. Minha viagem foi cancelada e comecei a minha jornada de ida aos médicos, A minha médica oncologista esperou o resultado de dois exames complementares da biopsia que tinham ido para São Paulo para só então começar o meu tratamento. Esse exames passaram 18 dias para chegar. E quando chegaram fui apresentá-los a ela, que se mostrou radiante com os resultados e me disse sorrindo que estava muito feliz por mim, pois meu tumor tinha tratamento embora estivesse avançadíssimo. Então eu que já havia morrido, renasci e sorri e agradeci a Deus. Ela me disse que meu tratamento era terapia ao alvo, um tratamento novo que tinha sido descoberto na Inglaterra. E logo comecei esse tratamento. O mesmo consiste em tomar um único comprimido por dia e para o resto da vida. Ele tem efeitos colaterais como: feridas na boca, pele muito ressecada, unhas quebradiças e mudança da fibra dos cabelos, mas nada disso se compara a uma quimioterapia convencional, pois ele é uma quimioterapia diferente, leve, e que é próprio para câncer do pulmão que já apresenta metástases, que foi e é o meu caso.
Com esse maravilhoso e raro resultado eu e minha família ficamos felizes e cheios de esperanças... Meu marido que chorava sem parar, mudou completamente para a alegria e juntos estamos vivendo um tempo de Deus que não temos ideia e nem queremos saber minha sobrevida, até porque minha médica não costuma estimar esse tempo para os pacientes. E para mim, ela disse que posso viver ainda vários anos convivendo com o câncer como se fosse uma diabetes ou uma hipertensão. Nesse tratamento já estou há um ano e cinco meses, e durante esse tempo tenho estado muito bem. Porém nesses últimos dias tenho sentido dores nos meus ossos, fiz exames e ainda vou apresentar, mas sempre me entrego nas mãos de Deus, para agir em meu favor tendo misericórdia de mim. Eu sempre sou positiva e me agarro a esperança do meu Deus me atender e me deixar mais um pouco aqui na terra para ser feliz com minha família, em especial com meu casal de netos, para os quais acabei de escrever um livro que será publicado agora em fevereiro, com a graça divina.
Resolvi detalhar um pouco a minha primeira experiência com o câncer, pois entendo que posso ajudar alguém que esteja nessa mesma situação, e então trazer esperança para essas vidas que acabam sendo desmoronadas ao receberem um diagnóstico. Para elas eu deixo a minha luta de fé e força frente a uma doença mortal e incurável, mas que pela fé tudo pode ser encarado de forma positiva tendo Deus como médico dos médicos.
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Maria de Fátima Alves de Carvalho
Poetisa da Caatinga
Natal, 22.01.2021
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 22/01/2021