Estou num ônibus a olhar pela janela
Passo sempre nessa estrada
E a vejo diferente
Toda vez que olho ela
Nela têm flores a enfeitá-la
Mas não são as mesmas flores
As plantas florescem por época
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E hoje vi tanta beleza!
Que alegrou meu coração
Minha alma floresceu
Bem feliz sorriu pra mim
Num florescer multicores
E jogou essência em cores
No meu contemplar da janela
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Minha viajem é longa
Dela eu não me canso
Logo no início da estrada
Passo pela mata Atlântica
Que enfeita suas margens
Em tom verdes deslumbrantes
E tem flores todo dia!
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Enquanto sigo a viajem
Concentro ali meu pensar
Escrevo tudo que vejo
E não paro de olhar
A grandeza dessa mata
Que pra mim é paraíso
Onde reina natureza
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A maior parte da estrada
Passa pela Caatinga
Um bioma singular
Composto por muitas faces
No inverno tudo é verde
E as flores lhe enfeitam
Em deslumbre para a alma
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Mas tem uma época seca
Que as vezes dura anos
Parece que o Sol queimou tudo
É tão triste de se olhar...
Que até pode dar medo
Em gente de outro lugar
Que ver sem conhecer...
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Mesmo a Caatinga seca
Tem belezas e riquezas
Só não é fácil de ver
Porque sua aparência é morta
Somente almas sensíveis
Percebem as vidas dali
Pois a olham com a alma
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Nesse olhar pela estrada
Vejo fazendas bonitas
Mas elas não me importam
Porque fixo meu olhar
Nas coisas simples que vejo
Mas antes não tinha visto
E a cada vez que ali passo
Vejo a vida diferente...
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Tem novas casas de taipa
Que lembram minha infância
Porque foi nessas casinhas
Com hibisco e nove horas
No quintal horta cheirosa
Que vivi cheia de sonhos
Minha infância e adolescência
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A beira da estrada me encanta
Como as bonecas me encantavam
Vejo águas e sequidões
Plantas secas e outras floridas
Crianças brincando em praças
E outras a trabalharem
Quando passo nessa estrada
Vejo e releio meu viver...
Fátima Alves / Poetisa da Caatinga
Poema escrito no percurso de natal a Mossoró, em uma viajem de ônibus. Em viajem/ 13.09.2012
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 17/09/2012
Alterado em 23/09/2012