Um poema com letras de lágrimas
Escrevo usando letras de materiais diversos
Há letras de flores
Há letras de Terra
Há letras de dores
Há letras de ouro
Há letras de alegrias
Mas também escrevo
Com letras de dores e de lágrimas
Hoje este poema é todinho escrito
Com letras de minhas lágrimas
Lágrimas do sentir
Do coração da minha alma
E se esse poema vier ser
Ser meu último poema
Deixarei em letras minhas
Últimas lágrimas
Aquelas que junto na alma
E nunca molharam meu rosto
Já bem marcado pela vida
Essas lágrimas não são de alegrias
São de dores e sofrimentos subjetivos
Por nunca ter sido vista aqui no meu lugar
Como uma pessoa que tem potencial
Para falar e escrever...
E para falar de coisas que precisam
De vozes e escritas
Porém, passam em silêncio
Entaladas em muitas pessoas
E eu por ter recebido de Deus um dom natural
Uma vez que comecei a poetar antes da ida a escola
Falo e incômodo a quase todo mundo
Porque isso eu sinto sem precisar nada ser dito
Atuo como gestora em uma área urbana
Das mais perigosas da grande Natal
E talvez do RN.
Trabalho lá desde que cheguei na capital
E lá fiquei porque me senti em missão divina
Para ajudar através da palavra e de meus textos
Apenas nesse lugar sou reconhecida
Fora da minha função de educadora
Me rejeitam
Me odeiam
Ou me colocam na invisibilidade
Isso acontece até mesmo na igreja
De onde saí
E sinto a dor da falta
Mas não consigo ficar em lugar algum
Onde os olhares me dizem
Que ali estou sobrando
E tenho uma sensibilidade
Para perceber o que dizem os olhos
Eu não queria ter isso mas tenho
Consigo ler os olhos de quem
Mesmo fingindo querer minha amizade
Pretende me fazer o mal
Ninguém me faz o mal
Sem que eu antes perceba
E ao perceber me afasto do grupo ou da pessoa
E assim, a cada dia vou ficando mais isolada
Desse tipo de convívio
Atualmente, me dedico exclusivamente
Ao trabalho de educadora
E a poesia em prosa versos e outros
A fonte de minhas inspirações é meu viver
Articulado com a natureza, em especial
O bioma Caatinga!
Lugar de pura magia...
Que retrato nas minhas letras e fotografias
Mas o Estado não percebe
Ou não quer perceber
E assim, sem encontrar lugar
Para dar mais vazão ao meu ser poético
Pertenci durante quase três anos
A uma associação de poetas e outros afins (SPVA)
Ela é aberta para quem quiser entrar
Portanto, não recebi convite
Cheguei lá simplesmente
Pelo desejo de estar em sintonia
Com poetas de diversos estilos
De início, parecia que tinham me aceitado
Porém, logo descobri o contrário
Pois o que deveria ser orgulho para qualquer entidade
Que lida com escritores e poetas
Para mim foi ofuscado
A publicação de dois livros lindos e importantes para o RN
Ninguém se pronunciou para me dar visibilidade
Enquanto artista da entidade
Quando com meus recursos próprios
Publiquei meu 2º livro “Retratos sentimentais da vida na Caatinga”
Nem um cartaz com parabéns recebi por ele
Essa dor foi muito grande...
No ano seguinte, publiquei meu 3º livro
Palavra Singelas e encantamentos...
Mais uma vez nenhum parabéns da entidade...
O livro foi ofuscado por completo...
O retiraram inclusive de uma programação
Quando eu já tinha sido convidada e avisada sobre a data
E que eu tenha visto, sobre este livro
Apenas dois blogs de membros da entidade
O divulgaram e o valorizaram
E quanto aos demais membros reinou silêncio
Enfim saí da associação
E hoje vejo a entidade entregando medalhas,
Certificados de honra ao mérito
E todo tipo de honrarias e incentivos,
Mas ressalto que é a maioria das pessoas
Que estão sendo homenageadas
Enquanto estive lá, nem sequer as conheci...
Aí pergunto a mim mesma
Sou invisível?
Devo ser apenas alma!
Porque tenho certeza
Que pela minha atuação fiel a SPVA
No mínimo um poema de homenagem
Pelo que fiz divulgado a entidade
EU DEVERIA TER RECEBIDO
E chego a conclusão que neste meu mundo Potiguar
Não tem lugar para mim...
Havendo exceção, apenas nas escolas onde trabalho.
E com letras de lágrimas e de tudo que citei
No início deste poema narrativo
EU vou continuar escrevendo dia e noite
E deixando com força minha marca
Neste mundo que não me quer
E para o mundo (planeta) que não me conhece
Porque sou apenas uma pequena semente que germina poesia
E o vento leva para qualquer lugar da terra
E o mesmo vento me traz o retorno
De cada leitor(a) que no Brasil e no mundo
Tem lido tudo que escrevo no recanto das letras
E me elogiado diariamente.
Meu mundo se faz na palavra
E ela não tem lugar certo para aterrissar...
Fátima Alves/ Poetisa da Caatinga Potiguar
Natal/10.02.2012
Texto dedicado a quem se faz que não me ver...
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 10/02/2012
Alterado em 07/04/2012