Fátima Alves-Alma sensível e Poetisa da Caatinga

Poesias e prosas(sentimentos à flor da pele)

Textos


A História das Coisas x A Ética do Consumo

           Essa Cultura Consumista, na qual estamos vivendo há décadas, teve a sua origem a partir do surgimento da revolução industrial, vindo a se consolidar no período da 2ª guerra mundial, pois foi nessa época que nasceu a Sociedade Consumista Americana e com ela veio também a “obsolescência planejada “( Produtos para logo serem descartados, devido aparecerem outros mais modernos), “marketing” e a prática usuária de produtos descartáveis, para facilitar a vida, porque são jogados fora e pronto. Ninguém sequer pensou nas montanhas de lixo que essa prática diária iria gerar no planeta, nem tão pouco nas suas consequências.
 
          Essas mudanças na sociedade americana, afetou e até mudou o jeito de viver dos povos de vários países, que passaram a moldar-se ou aderir suas relações de trabalho e consumo, baseados em modelos americanos, crescendo assim, um consumismo desnecessário, que alimentou e enraizou o que hoje denominamos de sistema capitalista.
 
E esse sistema capitalista, vigente até hoje, tem sua produção voltada para um suposto bem estar das pessoas, e comanda suas mentes para consumir sem necessidade. Diariamente somos bombardeados por propagandas enganosas veiculadas em todas as mídias. E esse consumo cresceu desenfreadamente, a ponto de nós humanos ficarmos completamente alienados, e não perceber que estar havendo uma nova inversão dos nossos valores, os quais passaram do SER para o TER. E na ética moral dessa sociedade de consumo, só se vale, aquilo que se tem. Tratando dessa temática, Gallo (2007) afirma que:

“A Ética capitalista diz: bom é o que permite acumular mais com menos investimentos e em menos tempo possível. A moral capitalista concreta reza: empregar menos gente possível, pagar menos salários e impostos, e explorar melhor a natureza para acumular mais meios de vida.”

 
           E nessa corrida alienante, a gente só tem tempo para trabalhar, trabalhar, trabalhar. Não temos tempo para descanso, para a família, para os amigos, enfim, não temos tempo mais para viver, e esse tal de bem estar nunca chega. E nesse corre, corre, suspendemos nossa razão e não paramos para pensar na questão: De onde vem as coisas que usamos? E justamente por não sermos incentivados a pensar sobre isso, é que nem lembramos de nos fazer essa pergunta, ou então se calar frente a ela, caso chegue em nosso pensamento. E dessa forma um punhado de capitalistas aliados aos próprios governos como mostra o filme ( De onde vem as coisas ?) detém as riquezas, e nós os sustentamos com nosso trabalho e o mero consumo.

É fato real, que aceitamos a ditadura do sistema capitalista, cuja ética é voltada para o mero consumo, onde os produtos, são retirados indiscriminadamente da nossa natureza. E como assumimos o papel passivo de apenas consumidores, não percebemos que os produtores (os exploradores) capitalistas, só visam lucratividade e retiram a matéria prima de qualquer lugar. Dessa forma já desequilibraram os ecossistemas, levaram a extinção várias espécies, como também, já colocaram outras na atual lista de vidas vulneráveis a desaparecerem da terra nos próximos anos. Nesse ponto queremos frisar que, Sibila ( 2002), alerta! “Enquanto a população mundial incorporar apenas o papel de consumidores, a lógica do mercado passa a permear a totalidade do campo social, impondo seu modelo a todas as demais Instituições Sociais.”


 
Os detentores dos processos produtivos exploram a terra de forma linear, num planeta onde todos seus ecossistemas são finitos e interligados,  portanto, explorá-los como vem sendo feito e simplesmente matá-los, porque o próprio planeta é vivo, e por ser vivo, é do seu ventre que nascem todas as vidas e tudo que as alimentam e sustentam.

 E,além de explorarem a Mãe Terra, como se ela fosse sua serva, até poucos anos atrás não havia a menor preocupação com todos os resíduos poluentes gerados nesses processos. Mas agora já tem pesquisas que mostram os poluentes que inalamos ou usamos presentes em nosso corpo e até mesmo no leite materno. Nossos Bebês já ao nascerem se alimentam de leite contaminado. Imaginem quão grave é a situação!


 
         Frente a essa gravidade em que as vidas e o planeta nossa “Casa-comum-maior” estar caminhando para o seu fim, e num curto prazo, a terra tão ferida começou a ser motivo de preocupação de ambientalistas, ecologista, Biólogos, enfim, a todos aqueles que amam e tentam compreender as dores de um planeta sucumbindo por seus filhos(as) só quererem lhe explorar. E mediante gritos de socorro dos poucos que percebem essa matança terrestre, há alguns anos, menos de uma década, o mundo todo está voltando seu olhar para os desastres ambientais que já foram feitos por nós humanos.

             E nesse contexto de degradação planetária, o capitalismo, agora querendo se sustentar, pois os recursos estão se acabando, investem em pesquisas junto aos governos, , no intuito de mudar os impactos ambientais de seus processos produtivos. E com isso chega até nós educadores e outras esferas da sociedade as ideias e a necessidade de que seja criada uma ética produtora consumista, pautada em práticas de sustentabilidade , as quais não venham desequilibrar o dinamismo do planeta. Sobre as práticas de sustentabilidade, Pedro Jacobi (2003) diz:


 
Refletir sobre a complexidade ambiental abre uma estimulante oportunidade para compreender a gestação de novos atores sociais que se mobilizam para a apropriação da natureza, para um processo educativo articulado e compromissado com a sustentabilidade e a participação apoiada numa lógica que privilegia o diálogo e a interdependência de diferentes áreas de saber.”

 
           No estado em que se encontra o planeta, é preciso que esses valores consumistas sejam modificados e substituídos numa visão de sustentabilidade e justiça social, trocando a sociedade de TER pala sociedade do SER. Se faz necessário que recuperemos o governo do povo e para o povo, no qual não haja esse corporativismo com as mazelas dos setores produtivos. E para que realmente essa sustentabilidade, mesmo nesse sistema que temos, venha realmente beneficiar a Terra e suas Vidas, quatro aspectos precisam ser levados em conta.
 
- Ser produto ecologicamente correto
          Que tudo que se produza ou se consuma, seja fruto de um processo ecologicamente correto, respeitando as leis da natureza, como também os seus ciclos.
 
- Ser socialmente aceito
         Que a demanda seja social o ponto de partida para a produção, e que não haja mais nenhuma imposição das mídias.

-Ser aceito culturalmente 
         Que as mídias saiam de cena e deixem as culturas demandarem o que precisam, de forma que não agridam a natureza.
 
-Ser economicamente viável
          Que qualquer produto só possa ser produzido se seus custos não afetar a natureza e que sejam viáveis para produtor e consumidor.
 
          Essas medidas embora se perceba que estão dentro de uma demanda da nova forma de sustentação do capitalismo, frente a degradação por ele causada, e estando a beira de um colapso planetário, nós educadores engajados, nos movimentos em defesa do planeta, estaremos multiplicando esse novo olhar, e além dele lutando ao mesmo tempo para que estes quatro pilares, passem da visão capitalista para a visão do bem estar coletivo, no qual não pode haver competitividade, e sim, equidade entre os povos. Nesse sentido, a mais valia gerada pelos trabalhadores que enriquecem os patrões, precisa sair do cenário do mundo daqueles que trabalham. Porque acredito que esses ajustes com práticas de sustentabilidade, só virão a ter de fato efeito, perante a gradativa redução da desigualdade social, principalmente, aqui no nosso Brasil.
 
Maria de Fátima Alves de Carvalho / Poetisa da Caatinga, ambientalista e defensora de GAIA ( Planeta Terra)
Natal / 2011


OBS: Texto produzido e publicado em  meu processo avaliativo no IFRN- no Curso de Pós - Graduação - em  Educação Ambiental e Geografia do Semiárido.
 
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 02/12/2011
Alterado em 02/12/2011
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