Flor Camélia
Hoje eu estava vestida de branco
Desejando ser uma Camélia
Flor que por muito tempo
Foi símbolo dos movimentos abolicionistas
E quem cultivava essa singela e bela flor
Simplesmente queria se mostrar
Aos membros dessa brava luta
Luta por liberdade, dignidade e igualdade
Mesmo sendo diferente...
Quando me vesti com um vestido branco
E lindo! E todo bordado de flores brancas
Lembrei das camélias que enfeitavam
Os lindos vestidos das damas da corte
Como também, os ternos dos cavailheiros
Pois era pela presença dessa flor
Que os grupos se reconheciam
Marcavam encontros
E planejavam os ideais de libertação
Eu desejei ter vivido nesse tempo...
Tão romântico! Tão sofrido!
Mais tão cheio de jovens idealistas
Que tudo faziam em prol de uma nobre causa
Pois é, ontem, ninguém sabia... mas eu estava
vestida de branco, só pra sentir em mim
A flor Camélia, que apesar de não ser brasileira
Enfeitou os jardins da corte
E foi escolhida de forma sigilosa
Pelos membros abolicionistas
Para ser símbolo de identificação
De uma luta pela liberdade de um povo
E por muito tempo...
Enfeitou e perfumou de forma majestosa
Cada ideal concebido e refletido pelo corajoso grupo
E esbanjando candura, fragilidade e beleza
As camélias entraram na história do povo negro
Como uma marca jamais suspeita
Dos participantes dos ideais a favor da abolição
Ela era o símbolo da união dos jovens que lutavam
Contra as crueldades da escravidão...
E hoje! Nessa noite singela e fria
Com uma chuva branda a cair de forma incessante
Estivemos num lindo sarau poetico e musical
Em homenagem a cultura afro brasileira
E eu em segredo...resolvi ser flor camélia
E fui camélia...incorporei em mim a flor
Porém, devido o nosso clima não ser apropriado para ela
Só pude viver algumas horas...
Mas mesmo assim, fiquei feliz!
***
Maria de Fatima Alves de Carvalho / Poetisa da Caatinga
Natal, 25.05.2011
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Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 25/05/2011
Alterado em 16/08/2020