Meu diário adolescente foi a areia e a terra ...
Nunca tive um diário especial, desses que toda adolescente dos tempos modernos costuma ter. No meu tempo, eu tinha caderninhos pra escrever pensamentos bobos, aqueles que a gente gosta e copia dos outros. Meu diário amigo, era a areia do rio ou a terra do terreiro, onde costumávamos brincar, pois lá eu escrevia meus segredos e meu pensar livre das algemas sociais ...Logo em seguida, apagava tudo e entregava ao vento, os meus mais ternos desejos e conflitos...
E dessa forma, meu sentir após virar letras, voava pra outros mundos, mundos que eu nem sequer sonhava... pois minha realidade não me permitia perceber a dimensão infinita do voo dos nossos sonhos. Sendo assim, sonhando e escrevendo minhas marcas no espaço do meu convívio, considero que a pele da mãe terra, ou seja, o chão, foi meu único diário. E também, meu primeiro livro... E dele eu me lembro claramente...
***
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Poetisa da Caatinga
Natal, 19.08.2010
Foto de minha autoria
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 19/08/2010
Alterado em 06/09/2020