Um canto aos encantos do RN
Nossas terras tão sofridas
Por descuido e préconceito
Tem belezas sem igual
Tanto mar... e tantas serras
Temos vales grandiosos
Muitas dunas e salinas
E a singular caatinga
Que pra esperar a chuva
Perde o verde e fica cinza
Se encanta por um tempo
Mas depois é paraíso...
Nossa terra tão sofrida
Não me canso de cantar
Cada canto onde vou
Vem pedir meu versejar
E se exibe para mim
Pra que eu possa mostrar
Por letras de sentimentos
Como é lindo esse lugar
Nossa terra tão sofrida
Por visões equivocadas
Mostra um povo miserável
Mendigando seu viver
Em cenário assustador
Para o mundo socorrer
Com remédios analgésicos
Que camufla e não resolve
Humilhando nosso povo
Pra assim sempre sofrer
Eu não gosto de nos ver
Ser retrato de miséria
Gente que vive morrendo
Por não ter cidadania
Num lugar tão magnífico!
“Ser mendigo que trabalha”
Se o trabalho enobrece...
Precisamos desfrutá-lo
Temos frutos pra colher
E não posso aceitar
Que essa seja nossa imagem
Quero ver nossa cultura
Respeitada e difundida
Cada ponto do RN
Tem um jeito de viver
Da caatinga ao litoral
Todo mundo sabe ser
Simplesmente o que se é
Mas precisa condições
Pra chegar aos ideais
De um futuro planejado
Bem melhor que no presente
Nossa terra tão sofrida
Tem riquezas no seu chão
Seus vales, chapadas e serras
Produtivos sempre são
E até a água escassa
Só não chega onde falta
Por não termos instrumentos
Pra chegar no lençol dágua
Que estar no subsolo
E ninguém pode usá-lo
Nosso povo é tão bonito
No seu jeito natural
Quando vive em seu lugar
É o amor que reina lá
Todo mundo é unido
E consegue se ajudar
Mesmo nas dificuldades
Se aprende a partilhar
E a dor de qualquer um
Não dói mais pois é de todos
Meu lugar eu sei amar
Do jeitinho que ele é
Se é praia ou é caatinga
Tudo aqui tem seu valor
Não comparo essas grandezas
E respeito às diferenças
Porque cada uma tem
O que Deus determinou
E se a gente entende isso
Só amor vai plantar lá
Eu nasci nessa caatinga
Que parece estorricada
Pra viver eu aprendi
Conviver com as suas leis
Se tem água vou plantar
Cultivar e armazenar
Pra no tempo que faltar
Já saber onde ir buscar
Sem precisar mendigar
A quem só quer explorar
Uma coisa eu bem sei
Minha alma é desta terra
E não quero ser queimada
Pelo o olhar de quem não sente
Preconceito espanto logo
Somos fortes e valentes
Criativos e persistentes
Canto o canto do meu povo
E hei de viver cantando...
As grandezas potiguares
Vou cantar até o meu fim...
***
Fátima Alves: Poetisa da Caatinga
Natal:11.11.09
“Á terra onde Deus me fez nascer”
Texto publicado no meu livro "Retratos Sentimentais da Vida na Caatinga"
Edição do autor - 2010
Foto de minha autoria
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 12/11/2009
Alterado em 22/02/2017