Fátima Alves-Alma sensível e Poetisa da Caatinga

Poesias e prosas(sentimentos à flor da pele)

Textos


Rua da minha memória... Rua minha...

Inocente rua... minha rua
Tão singela!
Fumaça nas chaminés
Flores nas janelas
Cadeiras e bancos nas calçadas
Amiga terna de mente saudável
Das crianças em bandos
Que lá viviam a brincar
E dos adolescentes
Que nas calçadas namoravam

Inocente rua...
Tão minha
Tão nossa
Das histórias de fadas
Das cirandas de roda
Dos jogos de bilocas
Das amarelinhas
Do poço onde a gente de paixão caia
E do anel que de mão em mão se passava

Inocente rua... minha e nossa
Aconchego feliz da infância
Em abraços de aprendizagens
Atos puro de esperança...
De mãos dadas a brincarem
Um espaço de bem estar coletivo
Assim era qualquer rua...

Mas a cidade cresceu!
E da rua se esqueceu
Deixou de lado sua inocência
E a pobre rua também cresceu
Adolescente ficou...
E sem nenhuma atenção
Mil problemas apareceram
E a rua sozinha não podia resolver
Mesmo assim cresceu...
Porém, ela nunca amadureceu
Seus problemas se somaram
E hoje! A violência reina lá
por todo canto e todo beco

A rua inocente...  
Aquela minha e nossa
Já não existe mais
Na adolescência se perdeu...
Viciou-se em entorpecentes
Se prostituiu pra sobreviver
Virou bandida sem querer
E jogou no lixo as suas referências
Aí! Coitadinha! Enlouqueceu
E depois que a rua perdeu a inocência
Todo mundo tem medo dela...
Também podera! Ela ficou perigosa
Seu tempo de paz passou...
E ninguém deixa mais livre
Suas crianças nas calçadas
Pois a rua não mais abraça
Nem ensina coisas boas
E ainda pode matar...

Hoje, a rua louca chora
E vive em luto permanente
Pela falta das travessuras e brincadeiras
Da infância e juventude
Que vivem escondida e aprisionada
E enquanto chora de tristeza
A rua ver a passear de mãos dadas
Espalhando medo e terror
Assaltos e sofrimentos
E a pobre agora desvalida
Sente a dor do espaço vazio
De uma alegria que fluia
Das crianças e dos jovens
Que pra seu chão traziam...
As encantadoras fadas
As cirandas de roda
O anel que passava
A amarelinha
Os jogos de bilocas
E o poço onde a gente caia
Só pra se apaixonar pelo moço
E a rua cabisbaixa
Entra dentro dela mesma
Somente pra lembrar tudo de belo
E em memória por instantes reviver...
***
Maria de Fátima Alves de Carvalho - Poetisa da Caatinga
Natal, 26.06.09
"Á rua que ainda tenho na memória"
Texto do meu livro "Palavras Singelas e Encantamentos..."
Foto de minha autoria


 
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 25/06/2009
Alterado em 01/08/2020
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