Nas andanças da vida...
Nos caminhos desta vida...
Por tantas terras eu andei
Mundos diferentes conheci
E por ter me banhado
Em culturas tão diversas
Aprendi a conviver e respeitar
Cada jeito do sujeito se mostrar
Sem nunca achar-me inferior
Nem tão pouco
Desprezar o que é do outro
Por me sentir superior
Quatro anos da minha infância
Eu vivi na floresta maranhense
Ainda bem criança, quebrei coco babaçu
E com suas cascas aprendi fazer carvão
Nos igarapés muitos banhos eu tomei
E dos jacarés sempre soube me livrar
Peguei água de raízes pra vender
E na colheita do arroz muito brinquei
Na farinhada fiz farinha e tapioca
E neste mundo minha infância
Floresceu...
Na Paraíba conheci o que é miséria
Onde morávamos a pobreza era rainha
E todo dia com a gente ela brincava
Nosso casebre era tão pequenininho
Que mal cabia tantas redes para armar
Mas foi ali que a magia veio a mim
E neste aperto aprendi então a ler
Vendo meu pai freqüentar o seu MOBRAL
Deste lugar não foi fácil de sairmos
Porque faltava o dinheiro pra voltarmos
Até que um dia...
Deus nos resgatou dali!
E nos levou para o seio da nossa terra
Pro RN, bem humildes regressamos
Onde felizes, abraçamos nossa serra
Mas mesmo ali, no lugar onde nascemos
A nossa vida era dura de viver...
Lá na caatinga até água nos faltava
Mas ainda assim
Até flores nós plantávamos...
E muitas vezes, a fartura também vinha
O nosso mundo de tão seco era cinza
Porém, com as cores do desejo
Era pintado!
Só dessa forma nós podíamos
Suportarmos...
E na estrada da esperança caminharmos
Ao caminharmos nessa estrada esperançosa...
A gente ia conquistando o horizonte
E cada um no seu tempo chegou lá
Agradecendo a um Deus que tudo pode
E nos cobriu com o véu do seu amor...
***
Maria de Fátima Alves de Carvalho - Poetisa da Caatinga
Natal, 22.05.09
Texto publicado no meu livro "Retratos Sentimentais da Vida na Caatinga"
Edição do autor - 2010
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Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 22/05/2009
Alterado em 16/08/2020