Coisas do meu coração

Hoje estou triste, muito apática para qualquer atividade, pois há dias, que não consigo dormir direito e me sinto desfalecendo... apenas quando estou cuidando do jardim ou conversando com meus cães é que volto a sentir, a força da alegria. Mesmo assim, fico inquieta e em meus pensamentos gostaria de voar de verdade... Não sei bem pra onde? Mas se pudesse, talvez aquietasse o meu coração, que vive um momento de desequilíbrio em busca de uma transformação interior. Um desequilíbrio que me leva a querer marcar o meu pequeno mundo com a infinitude das letras dos meus pensamentos, feito aves migratórias... que só por um período voam do seu mundo, pousa em outras terras, deixam suas marcas e voltam para seu lar. E no outro ano, tudo é refeito novamente, mas certamente jamais será igual, porque até as aves também não são mais as mesmas. Houve um amadurecimento interior e com certeza, elas verão o mesmo caminho com bem mais clareza.

No geral, não me apego muito a nada, mas enquanto ali estou, vivo em essência e em profundidade, cada acontecimento e cada detalhe. Enfeito e trabalho no meu mundo de acordo com as necessidades que meu espírito demanda. Sou uma pessoa muito alegre, porém sempre visitada pela solidão, mas não é uma solidão com sensação de abandono, a minha solidão é pulsante e produtiva. Nesses momentos tendo a me isolar e querer ficar apenas na companhia dos meus pensamentos. E os mesmos me seduzem para um mundo imaginário, onde desfruto de tudo que em nosso mundo real, fica apenas na fantasia.

Geralmente, a minha sensação de tristeza, não tem razão de ser, e observo que ela antecede os meus momentos de construção poética. E tem sido sempre assim, primeiro fico insatisfeita, apática, tensa, ansiosa e com insônia, aí por tudo isso, meu mundo se revira, se avessa, se contrai e de repente... abre-se um vasto horizonte e o mesmo se expande em dimensão infinita. Logo me vem um milhão de idéias e parece que entro em êxtase espiritual. Estando assim, me vem a vontade de escrever e quando teclo o PC é como se as letras de cada texto já estivessem escritas e guardadas em um arquivo, do qual vou me lembrando e copiando num lugar qualquer.

É quando estou com essa sensação de tristeza, que produzo meus melhores textos sem nenhum esforço. E mesmo estando rodeada de pessoas amigas e familiares, essa tristeza e solidão, que não sei definir ao certo, me isola tanto do mundo real, que é como se eu estivesse completamente só, em outra dimensão, em um outro tempo e com o mundo dentro de mim, em vez de ser eu dentro do mundo. Nessa solidão, qualquer coisa desse mundo tem vida e eu dialogo com tudo que há nele.
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Maria de Fátima Alves de Carvalho
Poetisa da Caatinga
Natal,12.01.09