Sonhos repetidos - O sítio da nossa família
Tudo começa... quando em sonho, sinto um forte desejo de ter de volta as terras da minha família. E por não aceitar perdê-las, luto para comprá-las e portanto, restabelecer novamente aquela comunidade que se desfez no tempo. Enquanto sonho... há um vazio e uma dor pela perda daquele mundo.
Em sonho, estou indo junto com alguns familiares, ao nosso sítio, para tentar convencer o atual proprietário, a nos vender de volta aquelas terras, ou melhor aquele lugar, pois tudo ali, era exclusivo da nossa família, avós, tios, primos etc. Bem, em sonho... esse mundo que sinto falta, é completamente diferente das terras secas da caatinga em que vivíamos. E se mostra para mim, como se fosse um paraíso,e mais ainda, é desse paraíso que lamento a perda.
Ao chegar lá, encontro um cenário deslumbrante, que nunca vi em lugar algum. Tudo é singelo e ao mesmo tempo encantador. O lugar estar completamente verde, e as nossas casas são coloridas com cores calmas e misturadas a um brilho dourado e prateado, nem sei como explicar, mas são divinamente lindas. Elas são casas pequenas e de modelos diferenciados. Seu piso é reluzente e me parece ser de granito. E eu nunca vi, casas semelhantes em nenhum lugar que vivi ou visitei. Elas estão todas situadas na parte mais baixa do sítio, mas em um número bastante maior do que o real e estão bem mais próximas, umas das outras. Ali,vejo a mesma terra vermelha, dos terreiros em que brincávamos e as árvores frutíferas de cada casa. O lugar é de pura paz.
Com sentimento de tristeza e saudade, passeio por este cenário e vejo que tudo estar muito bem cuidado. Inclusive, as casas estão abertas, mas lá, não mora mais ninguém. Enquanto passeio, vou encontrando algumas pessoas, mas não são moradores do lugar e aparentam serem visitantes. Sigo caminhando naquele lugar bucólico e encontro "o nosso riacho," que só vivia seco, ele agora, estar todo exuberante e cheio de crianças brincando, mas estas, também não parecem serem dali. Ando triste, principalmente por ver as casas vazias e me vejo a chorar. Procuro a minha casa! E esta é a coisa mais real do meu sonho. Ela não faz parte das casinhas coloridas e está no lugar de sempre. Consigo ver com clareza, o pé de arueira ao seu lado, mas a mesma estar toda reformada e tem aspecto de casa de fazenda. Chego lá e encontro a família em passeio de final de semana. Sou recebida, converso com as pessoas, mas tudo é estranho. E eu por me sentir desvinculada da minha própria casa, choro, choro muito. Aí, saio com meus familiares para o outro lado da serra, pois, todos dizem que do outro lado, tudo estar ainda mais belo do que onde estamos. E eu quero ver, pois sinto saudades. Caminhamos para lá e durante o percurso, vou me deslumbrando com o verde dos vales e muitos pontos d’água. Tudo é magnífico! O meu lugar é um paraíso.Tento chegar do outro lado, mas sempre acordo antes da chegada. E acordo em suave pranto...
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Maria de Fátima Alves de Carvalho
Poetisa da Caatinga
Natal,12.12.08
Este sonho se repete há muitos anos...
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 12/12/2008
Alterado em 17/08/2020