Fátima Alves-Alma sensível e Poetisa da Caatinga

Poesias e prosas(sentimentos à flor da pele)

Textos


Sonhos repetidos - O sítio da nossa família

Tudo começa... quando em sonho, sinto um forte desejo de ter de volta as terras da minha família. E por não aceitar perdê-las, luto para comprá-las e portanto, restabelecer novamente aquela comunidade que se desfez no tempo. Enquanto sonho... há um vazio e uma dor pela perda daquele mundo.
Em sonho, estou indo junto com alguns familiares, ao nosso sítio, para tentar convencer o atual proprietário, a nos vender de volta aquelas terras, ou melhor aquele lugar, pois tudo ali, era exclusivo da nossa família, avós, tios, primos etc. Bem, em sonho... esse mundo que sinto falta, é completamente diferente das terras secas da caatinga em que vivíamos. E se mostra para mim, como se fosse um paraíso,e mais ainda, é desse paraíso que lamento a perda.
Ao chegar lá, encontro um cenário deslumbrante, que nunca vi em lugar algum. Tudo é singelo e ao mesmo tempo encantador. O lugar estar completamente verde, e as nossas casas são coloridas com cores calmas e misturadas a um brilho dourado e prateado, nem sei como explicar, mas são divinamente lindas. Elas são casas pequenas e de modelos diferenciados. Seu piso é reluzente e me parece ser de granito. E eu nunca vi, casas semelhantes em nenhum lugar que vivi ou visitei. Elas estão todas situadas na parte mais baixa do sítio, mas em um número bastante maior do que o real e estão bem mais próximas, umas das outras. Ali,vejo a mesma terra vermelha, dos terreiros em que brincávamos e as árvores frutíferas de cada casa. O lugar é de pura paz.
Com sentimento de tristeza e saudade, passeio por este cenário e vejo que tudo estar muito bem cuidado. Inclusive, as casas estão abertas, mas lá, não mora mais ninguém. Enquanto passeio, vou encontrando algumas pessoas, mas não são moradores do lugar e aparentam serem visitantes. Sigo caminhando naquele lugar bucólico e encontro "o nosso riacho," que só vivia seco, ele agora, estar todo exuberante e cheio de crianças brincando, mas estas, também não parecem serem dali. Ando triste, principalmente por ver as casas vazias e me vejo a chorar. Procuro a minha casa! E esta é a coisa mais real do meu sonho. Ela não faz parte das casinhas coloridas e está no lugar de sempre. Consigo ver com clareza, o pé de arueira ao seu lado, mas a mesma estar toda reformada e tem aspecto de casa de fazenda. Chego lá e encontro a família em passeio de final de semana. Sou recebida, converso com as pessoas, mas tudo é estranho. E eu por me sentir desvinculada da minha própria casa, choro, choro muito. Aí, saio com meus familiares para o outro lado da serra, pois, todos dizem que do outro lado, tudo estar ainda mais belo do que onde estamos. E eu quero ver, pois sinto saudades. Caminhamos para lá e durante o percurso, vou me deslumbrando com o verde dos vales e muitos pontos d’água. Tudo é magnífico! O meu lugar é um paraíso.Tento chegar do outro lado, mas sempre acordo antes da chegada. E acordo em suave pranto...
***
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Poetisa da Caatinga
Natal,12.12.08
Este sonho se repete há muitos anos...
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 12/12/2008
Alterado em 17/08/2020
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